quinta-feira, 12 de junho de 2008

CVP em acção - afogamento no Gerês

Tudo começou cerca das 15h30. O casal, residente na rua Frei Heitor Pinto, no Porto, tinha levado o filho mais velho para gozar o fim-de-semana que lhes tinha sido oferecido na compra de um carro.

"O Ruben estava a posar para a fotografia quando escorregou e caiu à água. O meu marido atirou-se logo para o salvar e vi que ainda lhe agarrou a mão. Eu corri logo a pedir ajuda e quando voltei, já não o vi", disse visivelmente abalada com a tragédia. "Ele nem se lembrou que não sabia nadar", recordou.

O filho mais velho do casal, que sabia nadar, conseguiu chegar à margem do rio e salvar-se. O pai, Joel Paulo Santos, de 37 anos, ficou submerso a dois metros de profundidade durante cerca de 15 minutos, confirmou ao CM fonte da Cruz Vermelha Portuguesa do Gerês que resgatou o homem e ainda conseguiu reanimá-lo.

Com o apoio da Viatura Médica de Emergência e Reanimação, a vítima foi levada com vida para o Hospital S. Marcos, em Braga, mas acabou por falecer no domingo de manhã, cerca das 07h30.

"Quando cheguei ao Hospital, os médicos disseram-me logo que o cérebro do meu marido já estava morto e que se sobrevivesse ficaria com muitas sequelas", contou a viúva, que agora não tem sustento para a família. "Estou desempregada e tenho três filhos. Para além do Ruben, de nove anos, tenho um menino de seis anos e uma menina de quatro. Não sei o que vou fazer. Ele era o único a trabalhar na família, tinha emprego no balcão de uma loja de ferragens", disse angustiada com o futuro.

FILHO COM APOIO PSIQUIÁTRICO

O pequeno Ruben, de nove anos, que assistiu ao desaparecimento do pai nas águas do rio Gerês está desde sábado no Hospital S. Marcos, em Braga, a receber acompanhamento psiquiátrico.

"Ele é muito pequeno e está muito traumatizado. Está muito nervoso com tudo isto", disse a mãe da criança que conseguiu escapar ao afogamento.

Depois de resgatado pelos voluntários do núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa do Gerês, Joel Paulo Santos estava em paragem cardiorrespiratória, mas foi assistido pelo INEM. "Ele levou alguns choques e ainda foi vivo para o hospital. Mas de nada adiantou", desabafou a viúva que ontem ao final da tarde regressou ao Instituto de Medicina Legal de Braga. O cadáver foi autopsiado, estando previsto que o corpo fosse libertado à noite.

OUTROS CASOS DE MORTES EM RIOS

Em Junho de 2006, pai e filha morreram nas águas do rio Ave, no Concelho da Póvoa de Lanhoso. A menina de sete anos terá caído à água e o pai, de 30 anos, terá tentado resgatar a filha sem sucesso.

Em Junho do ano passado, pai e filho morreram afogados nas águas do rio Távora, numa praia fluvial perto da barragem de Vilar, Moimenta da Beira, onde se encontravam a passar o dia com outras três crianças. Uma delas foi salva por um casal francês, que passeava de barco nas imediações.

Também no ano passado, em Setembro, um pai de 43 anos e o seu filho, de 9 anos, morreram afogados no rio Guadiana, na zona de Mértola. A criança nadava no rio quando começou a ter dificuldades O pai foi em seu socorro e acabaram por ser os dois arrastados. Os corpos foram encontrados dias depois.

PENSÃO SERVIU DE REFÚGIO

Foi na pensão Baltazar, junto às termas do Gerês, que o pequeno Ruben se refugiou, sábado à tarde, depois do ter visto o pai cair às águas do rio Gerês.

"Para que a criança não assistisse a todo aquele aparato, o menino foi levado para a pensão. Esteve lá com a mãe algum tempo", apurou o CM junto da família da vítima. "Foi traumatizante. Ele ainda nem consegue falar do que aconteceu."

O casal estava a gozar o fim-de-semana graças a uma oferta devido à compra de um carro recentemente – um Renault Clio preto, que usaram para se deslocar ao Gerês. "Deveríamos ter dormido lá na noite de sábado, mas nem deu tempo", disse a viúva.

PORMENORES

PRIMEIRA IDA AO GERÊS

A família Santos nunca tinha ido ao Gerês e aproveitou uma oferta para conhecer o Parque Natural. Pai e filho estavam a tirar fotografias quando se deu a tragédia, no sábado à tarde.

SOBREVIVEU 16 HORAS

Joel Santos, de 37 anos, empregado de balcão, esteve cerca de 15 minutos debaixo de água. Foi resgatado e reanimado, mas acabou por morrer no domingo de manhã no Hospital S. Marcos, em Braga, para onde tinha sido transportado.

FAMÍLIA SEM SUSTENTO

A vítima mortal era o único sustento do casal que tem três filhos, todos menores. A viúva não tem trabalho e não recebe qualquer subsídio de desemprego. A seu cargo, tem agora três crianças com as idades de quatro, seis e nove anos.



in.: www.correiomanha.pt



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Gerês. Catorze horas depois de dar entrada no hospital de Braga

Nenhum sabia nadar e o pai ficou submerso demasiado tempo

Terminou em tragédia o fim-de-semana que uma família do Porto pretendia passar no Gerês. Um homem de 37 anos lançou-se à água num ribeiro junto ao Parque das Termas da vila do Gerês, concelho de Terras de Bouro, na tentativa de salvar o filho de oito anos que acabara de cair, mas acabou por escorregar nos penedos e ficou submerso. Ambos foram retirados com vida, mas Joel Lima Santos, 37 anos, casado, morreu 14 horas depois no Hospital de S. Marcos, em Braga.

Pai e filho tiravam fotografias, ao final da tarde de sábado, quando a criança caiu a um ribeiro numa zona de piso muito irregular, onde não é a primeira vez que acontece um acidente mortal. Nenhum dos dois sabia nadar, mas o progenitor ainda conseguiu resgatar o filho, empurrando-o para a margem. Acabou também ele por escorregar, ficando submerso durante demasiado tempo, o que lhe causou mazelas fatais.

Joel Santos ainda foi retirado com vida por dois elementos da Cruz Vermelha Portuguesa, mas entrou em paragem cardiorespiratória e teve de ser reanimado no local pela equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Transportado para o Hospital de S. Marcos, em Braga, onde entrou por volta das 19.00, não resistiu aos efeitos da submersão prolongada e morreu domingo de manhã, cerca das 08.30.

No local estiveram ainda uma equipa de socorristas da delegação da Cruz Vermelha Portuguesa e a GNR do Gerês, que tomou conta da ocorrência.

"Ele só foi dar um passeio e nunca mais voltou...", conseguiu apenas dizer a mãe da vítima, que deixa mulher e filho. Junto à residência de Joel Santos, que mora na zona de Campanhã, os restantes familiares não quiseram tecer quaisquer comentários sobre o sucedido, remetendo-se ao silêncio.

Ontem à tarde, a família aguardava ainda a chegada do corpo, que se encontrava a ser autopsiado pelos peritos de medicina legal do hospital bracarense. O funeral realiza--se hoje à tarde, após o velório que decorre na igreja do Bonfim.

A zona onde Joel perdeu a vida é considerada bastante acidentada, devido à existência de pedras que podem propiciar quedas, mas a verdade é que não é raro ouvirem-se relatos de ocorrência de acidentes mortais em áreas fluviais. Nos últimos anos, registaram-se vários casos, muitos deles semelhantes ao do Gerês. Na maioria das situações, os acidentes acontecem em áreas sem vigilância e em zonas fluviais perigosas .

in.: www.dn.sapo.pt




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