segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Notícias: entrevista a responsável da CVP Madeira

Ramiro Morna, responsável máximo da delegação da Madeira da Cruz Vermelha, fala do trabalho meritório desenvolvido pela instituição ”Uma das grandes missões da Cruz Vermelha Portuguesa é a divulgação do Socorrismo. Quem o afirma é o presidente da delegação da Madeira da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), Ramiro Morna.



Ramiro Morna, responsável máximo da delegação da Madeira da Cruz Vermelha, fala do trabalho meritório desenvolvido pela instituição ”Uma das grandes missões da Cruz Vermelha Portuguesa é a divulgação do Socorrismo. Quem o afirma é o presidente da delegação da Madeira da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), Ramiro Morna.


O responsável falava ao JORNAL da MADEIRA, no âmbito de uma visita que levamos a cabo às instalações daquela instituição.
Na oportunidade, o responsável máximo da delegação regional da CVP salientou que “muitas mortes, aleijões, problemas físicos se podem evitar desde que haja quem tenha noções de socorrismo”.
Voluntário da CVP e oficial na Reserva, Ramiro Morna lamentou que “no serviço militar não se dava a devida atenção ao Socorrismo, o mesmo acontece cá fora”.
Reitera que o Socorrismo é importante em todas as idades porque “um pequeno gesto salva uma vida”. Defende, por isso, que esta “é uma matéria que devia ser obrigatória nas empresas mas, sobretudo, nas escolas”.
É o que acontece com as crianças que frequentam os estabelecimentos de ensino da Cruz Vermelha, as quais apesar de não terem idade suficiente para frequentarem o respectivo curso, são-lhes dadas noções básicas. A importância destes conhecimentos foram sentidas na pele pela família de uma dessas crianças. “A mãe teve um ataque cardíaco, o filho chamou pelo pai mas quando este chegou a casa, o filho já tinha feito os procedimentos basilares e a mãe encontrava-se viva”, recordou.
Explica, a propósito, o facto destes cursos serem pagos tendo em conta que os formadores disponibilizados para tal, não o fazem de uma forma gratuita. Daí a necessidade destes serem pagos.

Programa de apoio tem que ser revisto

A Cruz Vermelha é uma instituição sem fins lucrtivos. Por isso, procura formas de arrecadar receitas para poder fazer às suas actividades. Ramiro Morna adverte que “a Cruz Vermelha não gosta da palavra nem subsídios nem apoios”.
No caso da Madeira, nalguns serviços que presta, a Cruz Vermelha tem contratos-programa com o Governo Regional, a que o responsável chama de “indemnizações compensatórias”. Acontecem ao nível da Educação (Pré-escolar e Ensino Básico), em termos do Lar de Idosos) e ao nível do Serviço de Ambulâncias que é uma bandeira da delegação, mas que é muito cara.
“Gostamos muito mas nos últimos dez anos tivemos um prejuízo que já soma 150 mil euros porque o Governo paga por cada quilómetro uma verba que não cobre metade do custo, daí o prejuízo acumulado”, explicou.
A delegação tem feito várias reclamações e espera que em breve, a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, a quem têm sido feitas dligências neste sentido, possa resolver esta situação.
Embora esta actividade não seja lucrativa, o responsável máximo da delegação regional espera que, pelo menos dê para garantir as despesas de exploração e os custos do investimento bem como uma reserva para conseguir novos materiais. “Não ter fins lucrativos não quer dizer perder, é ter o equilíbrio entre receitas e despesas, o que não acontece neste momento”.A Cruz Vermelha exerce a sua actividade em função do número de voluntários sem pôr em causa a qualidade mas o objectivo é ter “uma actividade sustentada e não asfixiada”, frisou.
Reitera, contudo, que “a instituição não faz milagres, faz aquilo que pode porque o voluntário dá as suas horas de descanso à instituição, por isso, não é justo explorá-lo”, afirmou, mostrando-se satisfeito com o pessoal que “é dedicado”. Adverte, por isso, que “a Cruz Vermelha está aberta a todos os voluntários, mas com espírito de voluntários e que queiram saber o que é a instituição porque voluntários de montra, de pouco serve”.

Serviço da Juventude quer partilhar actividades com instituições

O Serviço da Juventude da Cruz Vermelha é um dos quatro corpos de voluntariado da instituição que desenvolve o seu trabalho sob o lema “Não somos anjos, somos voluntários”. Eduardo Raposo está a reactivar este serviço, que se dá a conhecer no espaço cibernautico (jcpmadeira.blogspot.com).
Nesta fase, oestá a incidir o seu trabalho nos jovens entre os 14 e os 18 anos, de forma a criar um grupo coeso e só depois vai apostar em outras faixas etárias. O trabalho é desenvolvido aos sábados à tarde, em que os jovens fazem trabalhos para depois serem vendidos para angariar fundos. Aqui não há muito formalismo. Este serviço tem apostado na divulgação dos ideiais da CVP nas escolas porque “a Cruz Vermelha no mundo não se cinge só a ambulâncias”, frisou.
No próximo dia 7 de Dezembro, desloca-se à Ribeira Brava, onde irá fazer uma palestra e uma demonstração prática, com noções de Socorrismo. Nos próximos dias 14 e 15, vai ser dada formação sobre a alimentação saudável, através de um jogo. Outro dos objectivos é, através da Direcção Regional da Juventude, estabelecer parcerias com outras instituições que já tenham actividades com jovens, permitindo a troca de experiências.
É o caso da Associação de Escuteiros de Portugal, em que os jovens da Cruz Vermelha puderam participar no último Jamboree. Em contrapartida, há escuteiros que vão ter formação de Socorrismo na Cruz Vermelha. Pretende alargar esta partilha às Guias de Portugal.
O serviço vai estar presente na Feira das Vontades, no Jardim Municipal. Estão, igualmente, a serem preparadas algumas actividades para o Natal que visam levar o voluntariado a outros jovens diferenciados, dar-lhes algum carinho estando, ainda, a ser equacionada a presença na Noite do Mercado. Este ano, irá realizar-se também o segundo Humanitas Camp, que visa juntar os jovens num espaço com natureza e realizar workshops, sob o tema geral do voluntariado.

Socorro e Emergência perspectiva mais meios

A”Rui Nunes é o vice-presidente da delegação regional da Cruz Vermelha e responsável pela Coluna de Socorro e Emergência Henry Dunant.
Este serviço, a que, foi atribuído o nome do primeiro Prémio Nobel da Paz está a fazer 31 anos de existência na Madeira sendo que o Corpo de Enfermagem foi criado em 2001. A Coluna de Emergência é constituída por voluntários socorristas e enfermeiros que todos os dias constituem as Equipas de Socorro da Cruz Vermelha, que funcionam entre as 20 horas e as 7 horas da manhã, durante a semana. Aos fins-de-semana, trabalham 24 horas seguidas, no apoio ao Socorro e Emergência na Madeira, que é coordenado pelo Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros da RAM.
Este serviço vive, exclusivamente, do trabalho dos voluntários. Neste momento, o serviço conta com o apoio de 70 socorristas e 30 enfermeiros. A maioria são jovens entre os 17 e os 25 anos. Há um grupo de voluntários somam, este ano, 25 dedicados ao serviço.

Grupo em formação
nova ambulância em 2010

Ao que tudo indica, o grupo de socorristas vai engrossar, dado que estão em formação 30 candidatos e 12 novos enfermeiros.
Grande parte dos voluntários da Coluna de Socorro são jovens estudantes. O problema coloca-se quando transitam do Ensino Secundário para o Ensino Superior porque a maioria não fica colocado na Madeira, o que exige o recrutamento de novos voluntários, anualmente. Para ser voluntário “é preciso, em primeiro lugar, ter vontade”, aponta Rui Nunes. É exigido, no mínimo, ter 17 anos e o 9.º ano e frequentar a formação.
A Coluna de Socorro e Emergência é muito solicitada. Tem em média, por noite, seis a sete serviços. Ao fim-de-semana acresce o apoio às provas desportivas a outros eventos.
O serviço dispõe de três ambulâncias de socorro e uma ambulância de transporte. Uma delas está a ser pintada, para fazer face às novas exigências da legislação que obriga a que estas viaturas tenham uma cor única na Região, o que faz com que haja uma sobrecarga de serviços e a necessidade de recusar alguns.
Aguarda, contudo, uma ambulância (auto-maca de socorro), que no primeiro semestre do próximo ano será facultada pela Protecção Civil. Com mais este recurso ficarão supridas as necessidades.

Ser voluntária do Apoio Geral basta uma hora

O Voluntariado do Apoio Geral é um dos serviços igualmente importante e muito nobre na Cruz Vermelha. Torna-se mais visível, sobretudo, no Hospital Dr. Nélio Mendonça onde, diariamente, as voluntárias reconfortam quem se encontra à espera nas Consultas Externas, com o serviço de café.
É desenvolvido, grande parte, por senhoras que já percorreram toda uma vida e que fazem com grande dedicação o que pouca gente faria, como tratar a roupa doada que, por vezes chega, em mau estado, daí o apelo do responsável da delegação regional, Ramiro Morna, para que as pessoas lavem e tratem as peças antes de as entregarem na instituição.
Numa das tardes de convívio, encontramos Maria José Camacho, voluntária da Cruz Vermelha há 40 anos. Para além do serviço de café, às segundas-feiras, as voluntárias fazem a visita aos doentes. “Muitas vezes não conversam, mas dão sempre o seu sorriso quando sentem um aconchego de roupa ou um carinho”, exclamou. “Levamos revistas para quem quer mas a maior parte gosta é de conversra”.
Na sede, às terças e quintas-feiras, muitas senhoras de idade avançada reúnem-se em convívio. O pretexto é o cházinho da tarde, que lhes dá muito aconchego. Algumas não são carenciadas mas são pessoas que precisam de um carinho. Costumam festejar as datas mais marcantes.
Aquando a nossa visita, estavam a celebrar antecipadamente, o Pão-por-Deus. No saco não faltavam os produtos típicos. Todas as semanas ali acorrem em média 40 senhoras. Uma delas é Maria Encarnação de Castro, de São Roque. Tem 91 anos mas nem parece. Faz hidro-ginástica e é assídua aos convívios. A sua alegria é contangiante e, para fazer rir as demais diz que “ainda me vou casar”.
O Voluntariado do Apoio Geral conta com o apoio de 23 voluntárias mas são poucas para tanto serviço. No Verão, algumas estudantes prestam algum apoio.. Maria José Camacho reitera que “se as pessoas quisessem ser voluntárias, bastava uma a duas horas por semana”.
Em preparação está o Bazar de Natal, que vai decorrer de 30 de Novembro a 5 de Dezembro, deverá ser na Rua Fernão de Ornelas, para o qual já há muito trabalho feito.

Ser voluntário exige saber gerir o tempo

Rui Nunes transporta para o serviço de Socorro e Emergência da Cruz Vermelha, há 18 anos, o rigor e a disciplina que a sua vida militar lhe exige, de uma forma voluntária. Para tal, procura fazer uma gestão da sua vida profissional, pessoal e o voluntariado naquela instituição. “Desde que se consiga fazer isso de uma forma mais ou menos bem estruturada consegue-se vencer as dificuldades. Eu, todos os dias estou na Cruz Vermelha”, sublinhou.
Rui Nunes explica, contudo, que neste sector, “os voluntários não são voluntários quando querem, são voluntários que obedecem a certos requisitos porque têm que cumprir com uma escala e com certas obrigações, porque as pessoas precisam deles”.
Contrariou a ideia de que os jovens não têm disponibilidade para o voluntariado afirmando que estes “são muito solidários e participam, sobretudo, nas situações mais difíceis são os primeiros a dar o passo em frente”.

in.:www.jornaldamadeira.pt

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